segunda-feira, 28 de março de 2011

Fritura

Foto por Luis C Nelson

Frige o ovo na sertã. Mini explosões de óleo chuviscam a esmo!
Enquanto o ovo fica frigído, todo o fogão resulta ungido
com os óleos em ebulição...que esculhambação!
É sempre o mesmo quando fico em casa sozinho:
esbodego tudo, mas cozinhar eu não cozinho...
...e tô faminto da culinária, do cheirinho, do carinho
(Quando é mesmo que vais chegar?)...

sábado, 26 de março de 2011

Musica


Digo frequentemente que sou um piloto frustrado, porque sempre senti uma atração irresistível  por tudo o que voa, com ou sem asas. A vida não me deu asas profissionais e eu acabei conformando-me com a minha sina. Por outro lado, vindo de uma família de músicos apaixonados mas amadores, criando-me cercado de violinos, banjos, clarinetas e acordeons, nunca senti o mínimo desejo de ter a música como meio de sobrevivência. O meu pai, fotógrafo e músico de banda nas horas vagas, ensinou-me teoria musical, aprendi  contrabaixo que toquei em quartetos amadores de jazz & blues. Depois veio a fase da guitarra elétrica, dos grupos tocando beatles nos fins de semana...

O preâmbulo serve-me para dizer do porquê da minha grande paixão pela música e da minha admiração, suporte e simpatia por todos os músicos, os quais considero uma espécie de "Irmãos de Alma", não importando o instrumento ou género musical que toquem, desde que seja boa música, bem entendido!

Mas a razão deste post, é o desejo de prestar a minha solidariedade e simpatia aos competentes e  maravilhosos músicos da OSB - Orquestra Sinfônica Brasileira, ameaçados  de demissão por reagirem a uma nada ortodoxa, anti-ética e execranda medida administrativa que os obrigava a uma espécie de avaliação instrumental para manterem suas posições. Por ter a convicção de que a avaliação, normal num concurso admissional à orquestra, é vexante, desrespeitosa  e inútil no caso de titulares há longo tempo, fica aqui meu protesto.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Red Roof...

Foto por Luis C Nelson

...é o nome do hotelzinho no enfiamento de duas das pistas do aeroporto Dallas-Fort Worth, escolhido em razão da relativa proximidade da casinha da Mônica, cuja lotação estava esgotada com a presença de outras pessoas de familia que atenderam ao nascimento da Carolina, nossa mais nova netinha. A torrente de aviões em aproximação enquanto parava o carro e me dirigia à recepção, fez-me pensar que seria aquele o motivo da barateza do Inn, cuja diária é de $ 49,00 (R 80,00). O aposento foi uma surpresa de arranjo funcional, área enorme, cama full king size com um super confortável colhão, limpeza irrepreensível, além de mini geladeira, micro ondas, escrevaninha, internet rapidissima incluida no preço e, como se não bastasse, meus receios não eram fundados, porque o nível de isolamento sonoro é impressionante!

A empresa que costuma comprar os meus serviços tem sua base técnica em Macaé, mas eu moro em Niteroi, pelo que eu tenho de arcar com as despesas de deslocação e estadia nos dias em que por lá tenho de ficar. Por razões puramente econômicas, escolho uma daquelas "pousadas" que estão no momento cobrando R$ 100,00 por um quarto de pensão de morte lenta. A cama é de casal, mas muito pequena, de madeira rangente, colchão duro, portas e móveis escuros, banheiro pequeno com chuveiro elétrico do tempo em que os animais falavam, ar condicionado de janela roncando feito um velho DC3 na decolagem...

Uma noite, quando me deitava sobre a barulhenta cama, notei um enorme marimbondo na parede! Busquei uma toalha no banheiro e desanquei o inseto, que desabou no chão. Nova chicotada deu-me a certeza de que o moribundo marimbondo seria já cadáver. Tentei dormir, mas sentia uma sede pavorosa, pelo que decidi tomar água. No que o meu pé esquerdo entrou no chinelo, tomei uma violenta ferroada do maldito muribondo que decidiu vender cara a vida!

Nota: A dona da pousada dos marimbondos acha que a hospedagem é muito barata...

domingo, 13 de março de 2011

Crueldade


É poderosa e incontrolável, a Natureza!... Reconheçamos então o quanto somos insignificantes seres biológicos facilmente dizimáveis aos milhares, sem tempo para uma reação de defesa, esmagados pelos escombros das nossas ridículas construções que orgulhosamente julgamos sólidas, ou mesclados nos gigantescos lamaçais. Reconheçamos então a completa inutilidade da arrogância, da riqueza material, dos poderes armados, armados pelos poderes, podres ou não, legítimos ou não. O desabafo abaixo, foi escrito e publicado no Recanto das letras, ao tempo de um outro desses cataclismos.


 encurto o passo e olho o luar refletido
nas límpidas águas da piscina
enquanto caminho, introvertido,
como que tristonho e rendido
sentindo a alma pequenina...

que violentas são as forças da natura
quando sacode suas entranhas!
e como é cruel o deus da escritura
que os seres esmaga e tritura
nessas convulsões tamanhas!

segunda-feira, 7 de março de 2011

Solitário

                                          Foto por Luis C Nelson



milhas de solidão
rolam sem fim
e oprimem meu coração

daqui a pouco vai escurecer
e como é triste o meu escurecer
só, sobre o leito jazer

não faz sentido
nenhum sentido
que sentido estou

terça-feira, 1 de março de 2011

Vício


A senhora, aparentado meio século de idade, fumava sofregamente o seu cigarro num dos  locais designados. Ocorreu-me o pensamento de como será que ela enfrentará a restrição abrupta ao seu vício a partir de hoje, dia primeiro de Março, primeiro dia em que o cigarro é abolido em todos os campus fabris da General Electric! Retornando ao tempo de fumante pesado, trinta seis anos atrás, senti uma certa pena da senhora que fumava de forma sôfrega e nervosa...